mardi 27 janvier 2009

Estudando a virtualidade


REAL E VIRTUAL





"fotografia, o primeiro instrumento automático de representação, substituindo o olho humano e fazendo crer ser possível substituir o experimentável (o real) pela sua imagem (virtual). O cinema, adicionando o fator tempo a esta representação, potencializou esta ilusão."

O desenvolvimento da informática subverte este jogo ao trabalhar o elo entre imagem e objeto em dois sentidos, seja partindo do objeto para obter sua digitalização, ou iniciando com a informação digital para engendrar imagens virtuais.



Os objetos, manipulados através da programação, que poderá lhes conferir novas formas, alterações de textura e iluminação e, principalmente, transformações ao longo do tempo (animação) disponibilizam a experimentação de um espaço intermediário entre o projeto (antes só existente na imaginação) e o objeto (realidade como a conhecemos ou esperamos atingir).

A experimentação tornou-se a tal ponto cotidiana que a imagem deixa de ser representação para se tornar “presentação”. Não é apenas figurativa, mas também funcional. A hipertrofia da imagem conduz ao seu apagamento, à sua absorção como algo inerente à nossa existência, por tornar-se mais um dos elementos bastante cotidianos, sem uma fração do encantamento místico com que se revestira ao longo de séculos.

O virtual não pretende aí substituir o real, mas dotá-lo de uma extensão. O objeto real passa a incorporar esta extensão adquirida pela simulação, mesmo que ela não esteja mais visível. O virtual não substitui o real, mas torna-se uma de suas formas de percepção, num misto em que as duas entidades são requisitadas simultaneamente.






A realidade virtual é um neo-ambiente gerado por algum tipo de tecnologia: cinema, televisão, video-game e computador ou tecnologia alienígena.

A diferenciação entre realidade virtual e "realidade"→ aspectos formais , contrastes, diferenças são extremamente sutis, limitadas

Há a construção de um neo-ambiente a partir do próprio imaginário popular, inspirados em memórias e referências coletivas (nazismo, gladiadores, publicidade, "Hollywood", etc)

A visão de virtualidade apresentada pela filosofia contemporânea → virtual não se contrapõe ao real mas sim o complementa.

A virtualização do texto, segundo nos mostra Pierre Lévi em suas pesquisas, é tão antiga quanto o texto; é a leitura que faz o texto se tornar real. Conhecimentos, vivências , imagens, palavras, trechos são tecidos, dobrados, amarrotados, emaranhados na busca do significado pra isso.

Ao praticar o ato de ler, fazemos a relação com o que temos na memória, o que já vivemos, conhecimentos de outros textos, outras fontes e o que elaboramos do que surge de dentro do próprio texto. =>relações hipertextuais, muito antes de surgir o PC a mídia já se sobbressaía no campo da comunicação, existia a digitação, evoluída da datilografia e, agora, a quase imprescindível internet ( rede entre pessoas, objetos, conhecimentos, imagens, incontáveis interligações se pode destrinchar deste pequeno termo). Tudo isso abre inúmeras possibilidades para desdobramentos outros.



balada no second life


''As passagens do texto mantêm virtualmente uma correspondência, seguindo ou não as instruções do autor'

Mas podemos seguir o direcionamento apontado pelo autor ou fazer desvios e inserir outras formas de ancorá-lo que, pelo fato do texto sempre possuir as brechas das entrelinhas, amarramos a outras pontas clandestinas até então e levando a semânticas outras.

trabalho de ler → desdobrar o sentido
"O espaço do sentido não préexiste à leitura. É criado por nós mesmos, à medida que viajamos sobre ele, mapeando-o."


Também buscamos captar o sentido intentado pelo autor, juntando ao que já temos de conhecimento de outros discursos, imagens, afetos para criarmos nossa própria visão idiossincrásica do texto e disso não há como fugir. Nossa visao do mundo, o modo como pensamos, nossos projetos influenciam nessa trituração, rasgamento e desdobramento do texto ao se fazer a leitura. O texto passa a fazer parte da construção e desenvolvimento de nossa subjetividade que, a partir daí, poderá render outros textos e assim por diante.

É lendo, olhando, ouvindo que nos abrimos na procura de um sentido que provém de "outro"

Trabalhando, construindo, desdobrando, destruindo, reelaborando em cima do texto é que fazemos o significado no qual habitamos.

"O advento da escrita acelerou o processo de artificialização, exteriorização e virtualização da memória que teve início com o despertar do homem."

• virtual → potencialidade de realização, contraditoriamente também podendo ser determinismo de que a realização da ação não é só possível mas, também inexorável.
→ ligado a tecnologia, mais precisamente à informática e à eletrônica enquanto processo de simulação.

O surgimento da linguagem permitiu o desenvolvimento do conceito de temporalidade. Como o tempo só existe completamente de modo virtual.

Assim, a linguagem é uma das mais intensas formas virtualizadoras do ser humano.
Quanto mais desenvolvida → maior seu poder de virtualização.

"As linguagens humanas virtualizam o tempo real, as coisas materiais, os acontecimentos atuais e as situações em curso. Da desintegração do presente absoluto surgem, como as duas faces de uma criação, o tempo e o fora-do-tempo, o averso e o reverso da existência. Acrescentando ao mundo uma dimensão nova, o eterno, o divino, o ideal têm uma história. Eles crescem com a complexidade das linguagens. Questões, problemas, hipóteses abrem buracos no aqui e agora, desembocando, no outro lado do espelho, entre o tempo e a eternidade, na existência virtual."
J.F.Lyotard

dimanche 11 janvier 2009

OLHAR Dois tipos de poder

As discordâncias entre instâncias da República apontam para a força explicativa dos conceitos de Foucault num cenário em que o divórcio entre povo e Estado parece fadado à crise de legitimidade


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jpaulo.cunha@uai.com.br

"Durante muito tempo, todas as estratégias políticas pareciam voltadas para a conquista do poder. As diferenças sociais, de classe e de condição de vida estariam submetidas a um jogo maior, a detenção do poder político e econômico. Com o poder na mão ou, em outra estratégia, derrubado o poder da burguesia, o horizonte se abriria para experiências mais libertárias e democráticas. O poder era o inimigo. O poder, por mais repetitivo que pareça, podia tudo. Essa concepção era capaz de unir a esquerda e a direita. Os dois lados do espectro político tinham visão unitária e monolítica do poder. Eles lutavam pelo poder.

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O filósofo francês Michel Foucault ensinou a desconfiar do poder, mas também a levá-lo a sério e a não perdê-lo de vista

Era assim que os mais importantes filósofos do século passado viam a estratégia política por excelência. Tratava-se de localizar as brechas do poder, fraturá-lo em oposição, guerrilhas e combate aberto para, depois, tomá-lo nas mãos e mudar a ordem do mundo. Tudo emanava do poder. Pensadores como Jean-Paul Sartre (1905-1980), por exemplo, asseguravam que a luta política passava necessariamente pelo partido comunista. Por trás dessa defesa, mais que a afirmação de um ponto de vista ideológico, estava uma concepção do poder como um todo. O que hoje chamamos de visão macro da sociedade.

"Para Sartre e os marxistas, a única crítica política era a crítica ao poder do Estado capitalista. Toda a opressão se dava em bloco. O capitalismo e sua visão de sociedade se realizavam enquanto projeto globalizante e que, por isso mesmo, precisava ser atacado também de maneira global. O olhar macro sobre a sociedade tinha ganhos evidentes na compreensão dos rumos políticos das nações, mas parecia não enxergar os detalhes. E, como se sabe, Deus, o Diabo e os ditadores moram nos detalhes. Foi exatamente nesse momento que o Michel Foucault (1926-1984) entrou em cena.

Sua concepção de poder ia na contramão do reino mágico do macro. Ele defendia o que nomeou como a microfísica dos poderes. Em primeiro lugar, poder não é uma coisa, mas um procedimento, uma disciplina. Não é algo dado, mas instância que se cria e se transforma com o jogo dos sujeitos em cena. Não se exerce sempre de forma unitária (o Estado manda e o cidadão obedece), mas tem astúcias e narrativas singulares e minudentes. O poder está em toda a parte. E precisa ser combatido em todas elas. A política é algo mais difícil do que parecia.

Filósofo brilhante, Foucault, no entanto, foi considerado por seus contemporâneos como fraco em política. Era inaceitável que um pensador como ele, libertário e crítico da burguesia, não se alinhasse com a esquerda e se perdesse no ataque a poderes microscópios. Racismo, gênero, homossexualismo, censura, vigilância, religião e outros temas que apontavam para exercícios de micropoderes eram, para os partidários da noção convencional de política, no mínimo uma perda de foco. Além disso, Foucault errou em apoios pontuais, como aos aiatolás do Irã, na figura de Khomeini, no fim dos anos 1970.

No entanto, a história parece ter dado mais uma volta e trazido Foucault de novo à baila em questões de política e poder. É cada vez mais claro que os poderes estão brotando a todo momento. É nítido que os novos focos de poder reescreveram a história política contemporânea. É evidente que deter o poder de Estado, por si só, não é mais garantia de nada. É transparente que as novas lutas pontuais e microfísicas são mais eficientes na crítica ao poder que todas as bandeiras liberais e de esquerda. A contemporaneidade política parece ser foucaultiana.

TODO E AS PARTES

Isso não é nem bom nem ruim. É um fato. A recente trombada entre integrantes do Judiciário e da hierarquia da Polícia Federal (PF), com o afastamento do delegado encarregado da Operação Satiagraha, e o acordo entre poderes republicanos (presidentes da República e do Supremo Tribunal Federal) mostram, no entanto, uma cisão entre duas concepções de poder, para prejuízo da cidadania.

Na opinião pública, hoje, há certeza de que muitas ações necessárias devem emanar da liberdade de ação de órgãos responsáveis por políticas de Estado, entre eles a PF. Quando a população vê a instituição agir com independência, sente que há um novo poder sendo gerado a seu favor. O fato de a centralidade do poder ser atacada em nome de ações particulares é um avanço da concepção foucaultiana em direção ao entendimento da população. Não será mais necessário esperar que o governo central tome decisões sobre tudo. A competência em defender o bem público não precisa estar no coração do Estado.

Assim, um governo, seja ele de neoliberal ou social-democrata, se submete a uma nova ordem de exercício da vontade política. Os enfrentamentos, de agora em diante, tendem a se dar de forma múltipla. Pode ser, por exemplo, numa ação direta de grupos homossexuais que lutam por reconhecimento no âmbito do direito de família. Ou na defesa de cotas para minorias em universidades. E até mesmo em favor de bandeiras ecológicas. Até ações como a luta pela reforma agrária, criada no seio de uma concepção marxista, ganham hoje outra dimensão, ao se aliarem com novas formas de organização da produção no campo.

Quando alcançam a dimensão do Estado, nem por isso essas demandas espontâneas perdem a inspiração plural. Para que se tornem realidade, vale tanto o mando do presidente como a ação local de um promotor ou o sucesso de uma manifestação popular. O universal é o valor, não a forma como ele se realiza na vida social. Depois de inspirar a filosofia, a psicologia, a história e a medicina, talvez o século 21 venha, finalmente, a se mostrar devedor de Foucault também em política.

Um exemplo rico dessa forma de motivação é a chamada Lei Seca, que proíbe o consumo de qualquer quantidade de álcool para quem quiser dirigir automóveis. A primeira atitude foi vertical (tradição brasileira de civilizar pela lei, e não o contrário). Nesse momento, todos se acharam no direito de criticar a lei em nome de valores muito menores, como a vontade pessoal de zoar a cabeça e o faturamento de donos de bares. No entanto, a verdadeira ação política veio das pessoas, que se organizaram para defender um ganho real de dignidade.

O que se passa hoje no Brasil é o triste divórcio entre uma concepção autoritária de poder e a defesa do exercício da crítica maneira múltipla e plural, como se a verdade viesse das bordas da sociedade para o coração do Estado. Da vida das pessoas para as instituições criadas para representá-las. Ao afastar o delegado encarregado da ação da PF, o Brasil se mostrou partidário de uma concepção ultrapassada e concentradora de poder. A sociedade, no entanto, parece ter entendido a lição e não deve abrir mão de sua resposta. Vai acatar, mas não vai permitir ser desacatada de novo.

A crítica ao poder é também uma forma de alerta."


fonte: http://www.estaminas.com.br/em.html
caderno Pensar, Sábado, 19 de julho de 2008

samedi 10 janvier 2009

Lord Profanus




Estava a olhar-te em silêncio,
já há algum tempo,
sem nem saber o motivo
dum impulso tão incisivo.
O contorno suave de tua face,
proporcionalmente formada
para o enlace estilizado a contento
dos mais exigentes estetas


Este olhar profundo, sedutor, ai,
o que há doutor? Esta ardência,
calorosa, dilacerando minha mente,
não consigo trabalhar,
não consigo cozinhar,
aquela delineação da masculinidade
em incrível perfeição, meu Deus!

Que loucura, que desejo
de ternura cálida, inteira,
uma vontade verdadeira
aventura nada rotineira
e tê-lo todo em mim, sentir
o cheiro do amor a me arrancar
toda uma volúpia impronunciável.

Não, não pode ser,
sou uma mulher digna,
não uma garota para ceder
a estes lampejos libidinosos,
não, isso nunca. Lá tenho idade
pra futilidades efêmeras?

Ai, sai, imploro
ó meu Deus, sai de mim,
não não não, entre, isso,
entre, ai ai, ahhh...
Meu homem, assim eu eu ahh..

Mais no fundo sinto-te inteiro,
tua alma desnudando-se
em meu interior, num deleite cósmico,
pequena morte, que te quero grande
e várias e sempre e tantas!

Sinta o leite da entrega,
do desprendimento mundano,
do apego delicioso ao profano,
meu lord, meu amo,
amo-te como nunca.
Humanos não são, sensações
prânicas, ritmadas na completa

atividade sem nada,
na dança vital
ou seria mortal?
Puro teor do desvencilhar material,
numa onda de prazer
meta-sensorial, há tanto almejado,
represado, amaldiçoado
pela hipocrisia social.

Não, isso é natural, tua pele
é pura seda fervente, músculos
sentidos em cada contrair e relaxar,
nuvens de inconsciência misturando,
enlouquecendo, delirando
meu ser terreno.

Curvas de passeio, carne,
beijo, desejo. O gosto doce
do suor sagrado, por mim primado
em sua beleza magistral,
divina, carnal. Sim, é meu,
confesso, entrego, desejo-te inteiro
dentro de mim, mais e mais
e por fim rendo-me.

A magnitude da experiência
só pode ser celestial,
algo de sobrenatural,
multiplicidade de explosões cósmicas
numa só tarde, arde e arde e parte
antes que o coração salte.

Uma vida foi, então,
sentida, integrada,
realizada. Derreto,
lampejos de carinho
e beijos, desfaleço...

vendredi 9 janvier 2009

Claude Lévi-Strauss


Viagens ao Brasil central, relatadas em Tristes Trópicos, deram fama a Claude Lévi-Strauss

Antropólogo francês, nascido na Bélgica

28/11/1908, Bruxelas, Bélgica.
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u642.jhtm



"Um dos grandes pensadores do século 20, Lévi-Strauss tornou-se conhecido na França, onde seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da antropologia. Filho de um artista e membro de uma família judia francesa intelectual, estudou na Universidade de Paris.

De início, cursou leis e filosofia, mas descobriu na etnologia sua verdadeira paixão. No Brasil, lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo, de 1935 a 1939, e fez várias expedições ao Brasil central. É o registro dessas viagens, publicado no livro "Tristes Trópicos" (1955) que lhe trará a fama. Nessa obra ele conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do Brasil.

Exilado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi professor nesse país nos anos 1950. Na França, continuou sua carreira acadêmica, fazendo parte do círculo intelectual de Jean Paul Sartre (1905-1980), e assumiu, em 1959, o departamento de Antropologia Social no College de France, onde ficou até se aposentar, em 1982.

O estudioso jamais aceitou a visão histórica da civilização ocidental como privilegiada e única. Sempre enfatizou que a mente selvagem é igual à civilizada. Sua crença de que as características humanas são as mesmas em toda parte surgiu nas incontáveis viagens que fez ao Brasil e nas visitas a tribos de índígenas das Américas do Sul e do Norte.

O antropólogo passou mais da metade de sua vida estudando o comportamento dos índios americanos. O método usado por ele para estudar a organização social dessas tribos chama-se estruturalismo. "Estruturalismo", diz Lévi-Strauss, "é a procura por harmonias inovadoras".

Suas pesquisas, iniciadas a partir de premissas lingüísticas, deram à ciência contemporânea a teoria de como a mente humana trabalha. O indivíduo passa do estado natural ao cultural enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, produz objetos etc. Nessa passagem, o homem obedece a leis que ele não criou: elas pertencem a um mecanismo do cérebro. Escreveu, em "O Pensamento Selvagem", que a língua é uma razão que tem suas razões - e estas são desconhecidas pelo ser humano.

Lévi-Strauss não vê o ser humano como um habitante privilegiado do universo, mas como uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando estiver extinta.

Membro da Academia de Ciências Francesa (1973), integra também muitas academias científicas, em especial européias e norte-americanas. Também é doutor honoris causa das universidades de Bruxelas, Oxford, Chicago, Stirling, Upsala, Montréal, México, Québec, Zaïre, Visva Bharati, Yale, Harvard, Johns Hopkins e Columbia, entre outras.

Aos 97 anos, em 2005, recebeu o 17o Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha. Declarou na ocasião: "Fico emocionado, porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente". Atualmente, mora em Paris."

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Lévi-Strauss, no terceiro tomo das "Mitológicas" - lógica dos mitos - elogia a filosofia moral dos ameríndios, diferente qualitativamente da moral ocidental contemporânea. Nossa filosofia moral desconsidera a relação dos homens com os outros seres vivos e com o mundo numa certa arrogância antropológica, como se fosse possível viver isolado da natureza. Conforme o etnólogo, os ameríndios mostram saber manter meolhor a relação equilibrada - nem próximo demais nem afastado demais - com o cosmos, num equilibrio q se exprime na organização dos ciclos, no cuidado com as estações, na sabedoria de fazer conviver os ritmos fisiologicos com a culinária.

O antropólogo percebe q o Islã funcionou como uma barreira de impedimento do encontro entre o budismo e o cristianismo.

"O budismo é a malha que falta na cadeia de nossa história: é o primeiro nó e o ultimo nó: nó q ao se desfazer desfaz a cadeia. A afirmação do sentido da historia culmina fatalmente em uma negação do sentido: entre a critica marxista q libera o homem de suas primeiras cadeias e a critica budista q consuma a sua liberação, não háoposição nem contradição."
(Otávio Paz In: 'Claude Lévi-Strauss ou o novo festim de Esopo')

O desconhecimento da herança budista no Ocidente ajudou no afundamento deste em seu sonho de poder, tão improvavel q pode levá-lo ao auto-destruição.

O mundo existia antes do homem e continuará existindo. LS tem uma visão desencantada sobre a perspectiva futura. Critico do progresso, o etnologo foi ao Novo Mundo para descobrir na raiz o que o Velho Mundo está tendo que digerir com melancolia, segundo ele. A idade de ouro nao esta na cultura nem na natureza, mas talvez entre elas. Reconta incansavelmente a historia q foi se compondo atravessando os mitos. Nada de novo. O futuro inscreve-se no passado. Este ponto é importante de ser entendido pra perceber como , nas demandas do futuro, deixa-se entrever o arcaismo mais renitente.

Apesas da vida humana ser breve antropologicamnete, aindavale lutar e dedicar uma vida contra as danações já possiveis de se precaver, como matar a beleza, prostituir o sentido, extirpar a pureza dos elementos. Mas, pra isso, precisa ter juízo e consciencia ampla do todo em que o homem esta inserido.




dimanche 4 janvier 2009

Viver


 


Viver é um eterno sofrer
Se ao menos a alegria
Não fosse uma ilusão ligeira
Uma vaga de segundo passageira

Que apenas faz lembrar
O quanto viver é sofrer
Que a faísca de logro vai passar
E o que sobra não é bom de ver

Viver é um eterno sofrer
É um morrer que não acontece
Cujo fim se desconhece
Um tormento pereno

Um intolerável mover
Para o nefando antro do ser
Uma alma que se perde
No momento em que perde você